Na aparição do dia 1º de março, havia cerca de 1500 pessoas. Era uma multidão formada por todas as classes sociais. Nesse mesmo dia, aconteceu o primeiro dos sete milagres escolhidos pelo Bispo e considerado realmente como "Obra de Deus".
Em outubro de 1856, Catarina Latapié, ao subir em um carvalho, a fim de tirar alimentos para os porcos, sofreu uma queda que lhe deixou o braço deslocado e os dois dedos da mão direita dobrados e paralisados. O médico só conseguiu consertar o seu braço. Os seus dedos continuaram dobrados e paralisados. Com isso, ela ficou impedida de trabalhar, pois não conseguia mais tricotar e nem fiar.
Na noite do dia 28 de fevereiro de 1858, Catarina Latapié, dirigiu-se a pé para Lourdes, distante 7 quilômetros de sua casa, apesar da gravidez de 9 meses e de levar consigo seus dois filhos mais novos. Catarina Latapié presenciou a aparição do dia 1º de março e fez fervorosas preces a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora, pedindo a sua cura. Terminada a aparição, foi até o fundo da gruta e mergulhou a mão na Fonte da Água Milagrosa. Um estremecimento acompanhado de uma grande suavidade invadiu todo o seu ser e, de repente, sentiu que seus dedos estavam se movendo novamente! Vibrou de alegria e chorou de satisfação. Muito emocionada, começou a agradecer pela graça alcançada, quando, subitamente, teve uma violenta dor, como prenúncio do nascimento do próximo filho. Então, ligeiramente, ajoelhou-se com as mãos postas e suplicou: -"Virgem Santa, Vós que acabais de me curar, deixai-me chegar em casa!". Levantou-se, segurou as mãos de seus dois filhos e voltou para casa em Loubajac. Logo que chegou, mal teve tempo de chamar a parteira, deu à luz um sadio garoto. Ele recebeu o nome de João Batista e, mais tarde, tornou-se um sacerdote.
Na manhã do dia 25 de Março de 1858, Bernadete sentiu-se novamente "pressionada" para ir à gruta. Às 5 horas da manhã já pôs-se a caminho. Depois de rezar o terço, caminhou em direção à aparição e conversaram:
- "Mademoiselle, quer ter a bondade de me dizer quem és, se faz o favor ?
"Aqueró" sorriu, não respondeu.Ela insiste na solicitação, a segunda e a terceira vez, obtendo como respostas um sorriso carinhoso e modesto da visão. Mas Bernadete precisava levar essa notícia ao Senhor Abade, porque caso contrário, ele não construiria a capela. Por isso, insistiu uma quarta vez suplicando que Ela dissesse o seu nome.Desta vez a aparição não sorriu mais, ficou séria. As mãos que estavam unidas afastaram-se estendendo sobre a terra e depois novamente juntas à altura do peito, levantou os olhos ao Céu em sinal de profunda humildade e obediência a Deus e disse:
- "EU SOU A IMACULADA CONCEIÇÃO".
Dito isto, desapareceu.Bernadete para não se esquecer das palavras, repetiu-as várias vezes em seguida, tropeçando nas letras que mal sabia pronunciar. Correu para a casa do Senhor Abade Peyramale. Lá chegando, antes mesmo de cumprimentá-lo, gritou:- " Que soy era Immaculada Councepciou" (no seu dialeto patois de Lourdes) .
"Eu sou a Imaculada Conceição".
O Abade ficou perplexo. Não sabia se sorria ou ocultava o seu júbilo, procurando num último esforço, certificar-se do óbvio:
- "Pequena orgulhosa, tu és a Imaculada Conceição"!
- "Não, não, não eu". Peyramale sente que está diante de uma grande revelação:
"A Virgem é concebida sem pecado".
Apesar de ter sido decretado em 8 de dezembro de 1854 , o Dogma da Imaculada Conceição de Maria não era aceito por todos os católicos, principalmente por alguns teólogos que não aceitavam que Maria Santíssima fosse preservada do Pecado Original, mesmo considerando a sua condição especial de Mãe do Redentor.
Por esse motivo o abade explodia intimamente de satisfação e se preocupava em saber da realidade :- "Uma Senhora não pode usar esse nome! Tu te enganaste; sabes o que isso quer dizer"? Maria Bernarda diz que não, abanando a cabeça. - "Então como podes dizê-lo, se não compreendes o que é"? - "Repeti todo o caminho". No silêncio que se seguiu, Peyramale ficou pensativo com um suave sorriso nos lábios.
Bernadete interrompe o silêncio e diz: - "Ela sempre quer a Capela"... 0 Abade, no íntimo, deve ter respondido que não só uma Capela, mas uma monumental Basílica. Era Ela, a Mãe de Deus, a Nossa Querida Mãe que veio com o objetivo de revelar um grande mistério divino e pedir penitência ao mundo, para que todos rezassem pela conversão dos pecadores e tivessem uma conduta responsável e digna. Peyramale estava emocionado.Os dias passaram e o clero com muita alegria e vibração comemorou a revelação do grande mistério.